3/20/2014

Comunicado dos deputados do PSD/Açores eleitos pela Ilha Graciosa

Veio o Secretário Regional dos Transportes e Turismo, Vítor Fraga, afirmar que a ilha Graciosa ficará melhor servida de transportes marítimos de passageiros e viaturas sem a realização de escalas pelos novos navios adquiridos pela região para operar no Grupo Central.

Acompanhado por um deputado do PS eleito pela Graciosa, o Secretário Regional demonstrou que apesar de ser novo no governo aprendeu depressa os velhos truques propagandísticos do Partido Socialista.

E aprendeu tanto que chegamos agora ao ponto de um governante querer convencer os graciosenses que a sua ilha vai ser bem servida por barcos que nunca aqui fazem escala.

O PSD/Açores não pode, por isso, deixar de lamentar, em primeiro lugar, a  falta de coragem política do secretário regional dos Transportes ao não incluir a Graciosa no seu roteiro de propaganda sobre suposto Plano Integrado de Transportes e, em segundo, por ter anunciado em Lisboa que os novos navios não farão escalas na Graciosa.

O mesmo secretário que para disfarçar as suas responsabilidades diz que a Graciosa precisa de navios maiores, mas ao mesmo tempo elabora horários e rotas que se mantém longe de servir a Graciosa como esta verdadeiramente necessita.

Basta notar que nas viagens com a Graciosa, apenas por 4 vezes é utilizado o navio Hellenic Wind, sendo as restantes operadas pelo Navio Santorini.

Das viagens com a Graciosa, apenas por 10 vezes se consegue obter ligação da Graciosa para S. Miguel no mesmo dia, isto é, sem necessidade de pernoita na ilha Terceira, sendo que, nas restantes vezes que o Navio faz viagem da Graciosa para a Terceira (15 viagens) é necessário pernoitar na Terceira, e destas, 3 só apanha ligação passados 2 dias e uma apenas passados 3 dias!

Acresce que as viagens para a ilha Terceira realizam-se invariavelmente com chegada às 23:30 à Praia da Vitória e há até um caso em que o Navio sai da Graciosa às 02:30 e chega à Terceira às 05:45 da manhã!

Por exemplo, um produtor da Graciosa que actualmente queira exportar para o Faial, apenas consegue fazer chegar a sua mercadoria uma semana depois de a embarcar, o que contraria toda a propaganda que tem sido feita pelo governo regional em torno da criação de um suposto mercado interno.

Como se vê, pelos exemplos citados, não é verdade que a Graciosa se encontre bem servida pelas viagens da Atlanticoline assim como não é verdade que resulte qualquer benefício para a Graciosa pela ausência de viagens dos novos navios adquiridos pela região.

O Secretário Regional Vítor Fraga acusa os deputados do PSD Graciosa de má fé nas críticas ao transporte marítimo. É uma acusação que, em abono da verdade, temos de devolver ao Governante que tem vindo a ignorar esta ilha e as necessidades da sua economia e dos seus habitantes como fica demonstrado quer pelos novos horários do transporte marítimo quer pelos novos horários de transporte aéreo.

A defesa dos interesses da ilha Graciosa faz-se com a certeza de correspondermos ao mandato que nos foi conferido pelos Graciosenses, sem medo da verdade e sem calar a nossa voz perante as injustiças de que a ilha tem sido alvo.

Santa Cruz da Graciosa, 20 de Março de 2014


REQUERIMENTO – Ilha Graciosa mais uma vez prejudicada

Excelentíssima Senhora Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores

ASSUNTO: REQUERIMENTO – Ilha Graciosa mais uma vez prejudicada

Excelência.

No passado dia 13 de Março os Graciosenses ficaram a conhecer a decisão do Governo de que os novos navios adquiridos para operar no Grupo Central não vão operar na ilha Graciosa.        

A informação divulgada pela Rádio Graciosa dava conta das declarações do Secretário Regional dos Transportes em que afirmava que: "a Graciosa irá ficar servida como estava anteriormente"! Ou seja, e por outras palavras, vai continuar mal servida como até aqui.

Em 11 de Agosto de 2010, o então Secretário da economia, Vasco Cordeiro, afirmava na cidade da Horta sobre transportes marítimos que: "além das obras que estão em curso, vamos igualmente concretizar uma intervenção na frota, à semelhança do que já foi feito para o transporte aéreo com a renovação integral da frota da SATA Air Açores, agora com a renovação dos navios que operam no Grupo Central. (...) Não se trata de uma mera substituição de navios, mas sim de um corte destinado a explorar novas oportunidades e a contribuir para a consolidação de uma ideia que deve ser colocada em prática: construir no Grupo Central um verdadeiro mercado interno".

 Em 24 de Novembro de 2013, ou seja, há menos de 4 meses, aquando da bênção do navio "Mestre Simão", afirmava o agora Presidente do Governo, Vasco Cordeiro: "os dois novos navios de transporte de passageiros e viaturas, que vão começar a operar no Grupo Central no início do próximo ano, constituem uma peça essencial na "revolução tranquila" que se está a operar no modelo de transporte marítimo na Região." acrescentando que: "A prioridade que o Governo atribuiu à construção destes dois navios constitui, o reconhecimento e a resposta ao caráter verdadeiramente essencial dessa ligação", desde logo entre o Faial, o Pico e São Jorge, e numa perspetiva mais geral, entre todo o Grupo Central."

 Ora, em momento algum dos seus muitos momentos de propaganda o governo regional informou os açorianos de que estava também a implementar um novo conceito de "grupo central".

 No caso específico da Graciosa percebe-se agora o significado pleno da expressão "revolução tranquila" nos transportes marítimos. Em bom rigor, é tão tranquila que os graciosenses vão continuar sem se aperceber que está em curso uma suposta revolução nos transportes marítimos. Em suma, e nas palavras do antigo presidente da JSD/Açores, e agora secretário regional do Turismo e Transporte, "um bom exemplo do marketing político. Uma boa embalagem para pouco conteúdo".

 Tudo isto seria cómico, não fosse revelar uma trágica falta de estratégia para com o desenvolvimento da ilha Graciosa que vê o seu papel no Plano Integrado de Transportes reduzido ao mero cumprimento de duas ou três promessas do Partido Socialista já muito atrasadas no tempo.

 Seja como for, não pode o Governo deixar de explicar cabalmente as razões de ter adquirido dois navios para o Grupo Central, e ter excluído a ilha Graciosa dessa operação.

 Assim, ao abrigo das disposições regimentais aplicáveis, os deputados signatários solicitam ao Governo Regional o seguinte:

       Quais as razões para a não operação na Graciosa dos novos Navios adquiridos para operar no Grupo Central?

       De que forma vai a Graciosa participar na "revolução tranquila" que o governo diz estar em curso na Região?

       De que forma prevê o governo criar condições na ilha Graciosa para que os seus produtores possam aceder ao transporte marítimo de mercadorias em carga corrida, à semelhança do previsto para as ligações no triângulo?

 

Com os melhores cumprimentos.

 

Santa Cruz da Graciosa, 19 de Março de 2014

Os Deputados

 (João Bruto da Costa)

(Valdemiro Vasconcelos)